Refúgios fiscais beneficiam à medida que as notícias sobre a Ucrânia pioram
A inflação e os bancos centrais passaram para segundo plano nos mercados financeiros a favor da geopolítica, e os mercados monetários não foram exceção.
Análise do Mercado de Câmbios
A inflação e os bancos centrais passaram para segundo plano nos mercados financeiros a favor da geopolítica, e os mercados monetários não foram exceção. Das moedas do G10, Iene japonês e Franco suíço, os refúgios tradicionais, registaram uma valorização face ao Dólar americano. De notar que as moedas de commodities, como o Dólar australiano e neozelandês, se portaram razoavelmente bem, sendo que os preços de commodities demonstraram resiliência na fuga para fluxos de refúgio. Sem surpresas, as moedas da Europa Oriental tiveram o pior desempenho, tendo sido arrastadas pelo agravamento das notícias sobre a crise na Ucrânia.As principais publicações macroeconómicas disponíveis esta semana são os dados dos índices PMI de atividade das empresas para os EUA, Zona Euro e Reino Unido. Todavia, a crise geopolítica na Ucrânia irá possivelmente ofuscá-los. Ainda não é claro qual o impacto que um conflito poderá ter na taxa de câmbio EUR-USD. Apesar de o dólar ser tradicionalmente um refúgio durante crises, a consequente subida das taxas de rendibilidade nos EUA iria penalizar um dos suportes que sustentam a recente subida do dólar.
GBP Quase todos os relatórios sobre a inflação oriundos de grandes áreas económicas ficaram acima das expetativas, apesar do aumento implacável da inflação.Na semana passada, o Reino Unido não foi exceção. A inflação global subiu para 5,5%, um valor recorde em décadas, e a taxa global não ficou muito longe, tendo estagnado nos 4,4%, o que significa que as pressões inflacionistas estão a alastrar-se. O relatório sobre o mercado de trabalho e das vendas a retalho também surpreenderam pela positiva, em apoio às vozes agressivas do Banco de Inglaterra e, consequentemente, à Libra, que tem resistido bastante bem apesar da deterioração a nível geopolítico. Para além dos índices PMI de atividade das empresas, a agenda estará invulgarmente animada, havendo seis membros do Comité de Política Monetária do Banco de Inglaterra com intervenções agendadas. EUR Embora a Presidente do BCE, Christine Lagarde, continue a resistir modestamente às expetativas quanto à subida das taxas na Zona Euro, o Economista chefe Lane pareceu afastar-se do seu ponto de vista extremamente conservador na semana passada, reconhecendo finalmente a possibilidade de que o ambiente deflacionário prevalente poderá não mais regressar. Os PMI da próxima semana poderão ser ofuscados pelos primeiros dados provisórios da inflação de fevereiro em França, que muito provavelmente irão revelar subidas acentuadas. Ainda existe muita margem para que os mercados consigam fixar preços num calendário de subidas mais acelerado por parte do BCE, e esperamos que a moeda comum se mantenha bem apoiada à medida que tal acontece. USD Esta foi um semana pouco movimentada a nível de publicações de dados nos EUA, resumindo-se aos índices PMI e à inflação PCE. O foco deverá manter-se nas manchetes sobre geopolítica, por um lado, e nas comunicações da Reserva Federal, por outro, havendo seis membros da Reserva Federal com intervenções agendadas durante a semana. Esperamos que a incerteza sobre a reação do dólar a um potencial agravamento da crise acima descrita seja resolvida em breve. Ao contrário de outras grandes áreas económicas, particularmente a Zona Euro, será difícil para as taxas americanas fixarem preços mais rapidamente do que já fazem e, por isso, existe ainda margem para o relaxamento do Dólar face ao Euro.
