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Iga Makhankova
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Preocupações com a inflação fazem subir rentabilidades das obrigações

As principais moedas registaram relativamente poucas oscilações na semana passada antes de uma quinzena repleta de anúncios dos bancos centrais, começando com a reunião de quinta-feira do BCE.
Análise do Mercado de Câmbios
Receios com a inflação alimentados pela enorme surpresa ascendente na inflação trimestral da Nova Zelândia na semana passada.

As obrigações soberanas em todo o mundo continuam a deteriorar-se, mas o sentimento de risco e, em particular, os preços das ações estão a revelar-se resilientes, uma vez que os investidores acreditam que as empresas estão bem posicionadas para transferir custos e beneficiar de uma política monetária extremamente estimulante. A relação do Dólar com as crescentes expectativas sobre a inflação permanece inquietante e o Dólar caiu em relação a todas as outras moedas do G10 exceto o Dólar canadiano. O Yuan chinês merece uma menção especial, uma vez que continua a ignorar os problemas imobiliários na China e sobe implacavelmente face a todos os seus principais pares.

 

O principal evento para os mercados monetários esta semana deverá ser a reunião de outubro do BCE que decorrerá na quinta-feira. As expectativas do mercado têm sido orientadas para baixo pelas recentes comunicações cautelosas. Qualquer indício de que uma fação mais dura esteja a desenvolver-se no Conselho poderá ser favorável ao Euro. Também decisivos serão os números da inflação preliminar da Zona Euro para outubro, conhecidos na sexta-feira, e os números do crescimento e da inflação do terceiro trimestre dos EUA, divulgados na quinta e sexta-feira, respetivamente.

Preocupações com a inflação fazem subir rentabilidades das obrigações

GBP

 

O governador do Banco de Inglaterra Andrew Bailey e o economista-chefe Huw Pill sugeriram na semana passada que um aumento das taxas de juro poderia acontecer já na próxima reunião do Comité de Política Monetária no início de novembro. Os mercados de futuros reagiram agressivamente e estão já a contar com a primeira subida na era da pandemia na próxima reunião do Comité de Política Monetária de quinta-feira. Esperamos ver uma subida de 15 pontos base nas taxas, com outra subida de 25 pontos base já a antever-se para fevereiro.

 

A forte subida dos preços dos imóveis e a inflação global continuaram em outubro e setembro, respetivamente, enquanto os números dos índices PMI também surpreenderam agradavelmente pela positiva na semana passada, apesar das contínuas quebras de abastecimento. Tudo somado, a reação bastante ténue às notícias positivas da Libra esterlina é um pouco confusa, embora a moeda britânica continue a negociar apenas um pouco abaixo da sua posição mais forte desde meados de setembro face ao Dólar. Esta semana, todas as atenções deverão estar viradas para a divulgação do orçamento do governo britânico na quarta-feira. Estaremos muito atentos ao impacto dos aumentos das taxas de juro mais cedo do que o previsto nas previsões de crescimento atualizadas do governo.

 

EUR

 

Em contraste com os EUA e o Reino Unido, os números PMI da Zona Euro derraparam, embora permaneçam em níveis elevados, consistentes com um crescimento forte e continuado. O principal acontecimento para esta semana é, evidentemente, a reunião de outubro do Banco Central Europeu de quinta-feira. Mais uma vez, não se espera qualquer mudança na política, e o foco estará nas comunicações do conselho, com os mercados a esperarem um BCE muito cauteloso.

 

No entanto, vale a pena notar que o fosso entre as projeções de setembro do BCE para a inflação futura e a realidade se tem vindo a alargar. Outro aumento é esperado quando os dados preliminares de outubro forem divulgados no dia seguinte à reunião do BCE. Dadas as expectativas do mercado, mesmo um tom neutro da Presidente Lagarde resultará provavelmente numa subida acentuada do Euro.

 

USD

 

Embora taxas elevadas do Tesouro sejam geralmente positivas para o Dólar americano, neste momento este apoio está a ser inteiramente impulsionado pelas expectativas do aumento da inflação em vez da esperança de melhores rendimentos reais. O Presidente Powell confirmou na semana passada que a redução dos estímulos começará em novembro, mas isto proporcionou pouca ajuda ao Dólar, que caiu face à maioria dos seus pares do G10.

 

Os dados combinados, esta semana, da inflação e do crescimento do terceiro trimestre deverão tirar as dúvidas quanto à questão da estagflação. A nosso ver, o ambiente atual é claramente inflacionista, mas também relativamente favorável ao crescimento, pelo que esperamos surpresas positivas em ambas as frentes. Ainda vemos muita margem para que as projeções do mercado relativamente às subidas do Fed sejam empurradas para a frente, apesar dos recentes movimentos nessa direção.