Esta semana falamos sobre o Zimbabué e os ventos contrários que os seus mercados financeiros e canais de pagamento estão a enfrentar.

Oficialmente conhecida como República do Zimbabué, tem uma população de mais de 14 milhões de pessoas que falam 16 línguas oficiais. O Reino Unido concedeu ao Zimbabué a sua independência em 1980, após anos de conflito racial. Os Estados Unidos foram os primeiros a colocar uma embaixada no país e prometeram ajuda para seu desenvolvimento económico. Após um breve período de independência económica próspera, contando com a sua força de trabalho educada e diligente, o país caiu na má gestão económica e na corrupção da presidência de Mugabe.

Estima-se que a pobreza extrema do Zimbabué aumentou de 29% em 2018 para 34% em 2019, um aumento de 1 milhão de pessoas e o PIB real diminuiu 8,1% em 2019. Um forte aumento no preço dos alimentos e produtos básicos, combinado com a contração da produção agrícola devido à seca contínua provocada por um El Niño, destruiu grande parte da produção agrícola rural. Para complicar ainda mais as coisas, o Zimbabué foi devastado pelo ciclone Idai, que afetou a produção de energia hidroelétrica e os recursos hídricos consumíveis. Isso significou custos mais altos para os consumidores devido ao racionamento do governo e impostos mais altos para gerir os custos. A agricultura não foi a única área impactada; o acesso a moeda estrangeira e combustível também foi profundamente afetado. Durante o mesmo período, a mineração e a produção mineral, incluindo carvão, diamantes e ouro, caíram mais de 27%.

O aumento da inflação, causado pela realização de déficits anteriores, severa distorção de preços e depreciação do ZWD (Dólar do Zimbabué), viu a inflação aumentar mais de 230% em junho de 2019 e os preços dos alimentos subirem 319% no mesmo período. Durante o mesmo período, o governo determinou o uso exclusivo do ZWD como moeda legal, o que encerrou um regime de multimoedas de uma década. Em junho de 2020, durante o auge da pandemia Covid-19, a inflação cresceu para espantosos 737% e os preços ao consumidor aumentaram novamente, levando a que muitos trabalhadores tenham pedido para serem pagos em dólares americanos. O governo resistiu em fazê-lo, mas em julho de 2020, o ministro das Finanças, Mthuli Ncube, aceitou e aumentou os salários dos funcionários públicos em 50% para compensar a inflação e evitar que os médicos fizessem greve.

Taxa de inflação no Zimbabué

No final de Junho, o governo suspendeu todos os pagamentos móveis, incluindo um dos maiores fornecedores: Ecocash. Milhões de zimbabuenses dependem de pagamentos digitais e móveis, principalmente porque o acesso ao dinheiro é quase impossível. Os pagamentos móveis representam 85% de todos os volumes de transação localmente. O governo, citando o aumento da especulação com a moeda e o bitcoin como motivo para suspender os fluxos de dinheiro, chegou ao ponto de suspender a negociação na bolsa de valores nacional. O governo afirma que a medida visa evitar uma crise monetária e, ao mesmo tempo, causar outro colapso monetário. Empresas e particulares utilizam o mercado de ações doméstico para se proteger contra a inflação e a queda da ZWD. Essas medidas não anunciadas chocaram os investidores e stressaram o sistema económico, inerentemente dizendo aos investidores que o Zimbabué está fechado para negócios.

Mercado de acções no Zimbabué

Essas medidas terríveis do governo, combinadas com quase US$ 9 bilhões em dívidas estrangeiras, fizeram com que os credores multilaterais recusassem o apoio ao país em conflito. Além disso, o Zimbabué está atualmente em atraso com o Banco Mundial e não é elegível para garantir qualquer financiamento da sua agência tradicional. Isso ocorre num momento em que o país observa um aumento nos casos de Covid-19 e pode exigir suporte urgente para o seu sistema de saúde. Apesar desta moratória sobre o financiamento, o Fundo de Financiamento Global, um fundo fiduciário do Banco Mundial, planeou alocar recursos por meio de agências terceirizadas que têm um histórico comprovado de responsabilidade e transparência para alcançar os mais necessitados.

O Zimbabué recebeu uma série de golpes que, sem uma liderança forte, parecem destinados a continuar a sua espiral descendente. O seu passado de má gestão fiscal, hiperinflação recente, desvalorização da moeda, desastres naturais desafiadores, seca, política de corrupção e legado de desconfiança zimbabuense dos funcionários do governo continuam a atormentar o país. O país provou que pode oferecer oportunidades aos investidores, mas deve oferecer a esses investidores a segurança de que existe uma infraestrutura para apoiar a responsabilidade fiscal. O fecho da bolsa de valores restringiu a entrada e a saída de dinheiro para investidores nacionais e internacionais. O investimento estrangeiro direto é limitado, pois as empresas que fazem negócios localmente são forçadas a pagar apenas salários locais, e a desvalorização da moeda foi significativamente afetada. Mesmo que os funcionários possam ser pagos, o fecho do mercado digital restringe o acesso à moeda.

Garanta os que os seus pagamentos internacionais e payroll estejam em dia com os valores desejados, apoiados por uma equipa altamente experiente.

Se tiver alguma dúvida ou preocupação sobre o risco cambial ou os pagamentos nas regiões africanas ou outro local, contacte-nos:

 

Europa

0203 9665 573

Ásia

+65 6817 5248

Américas

+1 647 694 2122

Email: mpsales@ebury.com