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Joana Saomiguel
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Moedas do G10 à espera das eleições nos EUA; latino-americanas em alta

Os intervalos de negociação das principais moedas foram muito apertados na semana passada, uma vez que todas as moedas do G10 terminaram a semana a menos de 1% de onde tinham começado.
Análise do Mercado de Câmbios
Os intervalos de negociação das principais moedas foram muito apertados na semana passada, uma vez que todas as moedas do G10 terminaram a semana dentro de 1%, de onde tinham começado.

Além das moedas, a maioria dos principais mercados também registou poucas alterações. A principal exceção foram os mercados de obrigações dos governos, com as rendibilidades a apresentarem uma tendência de alta na semana passada, no meio de um aumento geral das curvas das taxas. Em particular, nos EUA, a taxa de rendibilidade a 30 anos aproxima-se agora do seu máximo pós-pandémico de 1,67%. Até agora, isto está a ser interpretado como um sinal de que os mercados estão a apostar cada vez mais numa vitória democrata nas eleições dos EUA da próxima semana.

Na última semana de negociações antes das eleições americanas, os mercados estarão com as atenções viradas para a reunião do BCE de quinta-feira. Dado o ressurgimento da pandemia na maioria dos países da Zona Euro e a incapacidade da inflação subjacente em recuperar dos mínimos históricos, prevemos que o BCE prepare os mercados para uma flexibilização adicional na reunião de dezembro, o que poderá pesar sobre o Euro. Além disso, esperamos que os mercados se concentrem nos números do crescimento do terceiro trimestre nos EUA e nas estimativas provisórias da inflação de outubro na Zona Euro.

EUR

Os índices PMI da atividade empresarial da semana passada forneceram algumas notícias esperadas, mas ainda desencorajadoras, sobre o impacto da segunda vaga da pandemia. O setor dos serviços está novamente a encolher a um ritmo acelerado, enquanto a expansão da indústria transformadora começa a ganhar ritmo graças à rápida recuperação da China e de outras economias asiáticas. Globalmente, porém, as notícias aproximam-nos de uma flexibilização adicional por parte do BCE. Esperamos que tal aconteça na reunião de dezembro, mas a conferência de imprensa desta semana será utilizada para preparar os mercados. Além disso, na sexta-feira estaremos atentos às estimativas provisórias da inflação da Zona Euro para outubro. Esperamos que os mercados comecem a reagir mais fortemente a estes números. Uma inflação subjacente que se mantenha nos mínimos históricos alcançados há dois meses irá alimentar ainda mais a especulação sobre uma postura mais agressiva do BCE.

 

GBP

As conversações sobre o Brexit parecem estar ainda a avançar, embora lentamente. A UE e o Reino Unido parecem ter concordado num plano de dez pontos quanto à estrutura da próxima fase das negociações. Parece que as nossas expetativas de um acordo modesto que evite um Brexit duro se irão confirmar. Embora este desenvolvimento pareça diminuir as hipóteses de uma maior flexibilização do Banco de Inglaterra, o abrandamento dos dados económicos e o agravamento dos números da COVID significam que a decisão final do Comité de Política Monetária terá de ser uma decisão de compromisso. Para já, a valorização recente da Libra esterlina atingiu as nossas metas em relação ao Dólar e teremos de ser cautelosos quanto a estes níveis.

 

USD

Para além das sondagens eleitorais, esta semana devemos estar atentos à estimativa antecipada do crescimento económico dos EUA no terceiro trimestre. Os principais números mostrarão sem dúvida uma recuperação acentuada em relação à contração recorde registada no segundo trimestre, liderada por um aumento das despesas dos consumidores. Mais significativo será o desdobramento da recuperação em setores e, em particular, a evolução do investimento empresarial e do défice comercial. Os mercados parecem estar a ignorar, para já, os números crescentes de contágio nos EUA. Por isso, independentemente dos números do PIB, e com as sondagens todas focadas nas eleições, o Dólar americano irá provavelmente ser transacionado com base em acontecimentos externos, nomeadamente a reunião do BCE.