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Joana Saomiguel
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Mercados invertem o curso e a aversão ao risco sobe após declarações conservadoras da Reserva Federal

A semana passada foi praticamente o reflexo da anterior. As ações em todo o mundo desvalorizaram, enquanto as obrigações do Estado e as moedas de refúgio recuperaram.
Análise do Mercado de Câmbios
A semana passada foi praticamente o reflexo da anterior. As ações em todo o mundo desvalorizaram, enquanto as obrigações do Estado e as moedas de refúgio recuperaram.

Curiosamente, as obrigações periféricas da Zona Euro conseguiram terminar a semana praticamente sem alterações, apesar da onda generalizada de aversão ao risco – um sinal de que a resposta em força do BCE à crise está a dar frutos. Esta tendência dos preços também impulsionou o Euro, que terminou a semana com apenas uma ligeira quebra. Em relação ao G10, realçamos a enorme volatilidade da Coroa norueguesa, que reage de forma exagerada nos dois sentidos devido à falta de liquidez. Em geral, as moedas dos mercados emergentes desvalorizaram, com as da América Latina a registar as maiores perdas e as da Orla do Pacífico a fechar a semana praticamente inalteradas.

A próxima semana avizinha-se relativamente calma em termos de publicações económicas. O Banco de Inglaterra reúne-se na quinta-feira. Estaremos também muito atentos aos novos casos de vírus nos EUA, onde alguns estados como a Califórnia, o Texas e a Flórida têm revelado um padrão inquietante de aumento de casos em vez de diminuição.

EUR

A semana passada não foi abundante em dados da Europa e esta não será muito diferente. Os dados sobre a inflação que serão publicados na quarta-feira devem permitir uma visão dos danos relativos causados pelo confinamento, tanto do lado da oferta como do lado da procura. Para além disso, e de potenciais avanços nas conversações sobre o Brexit no início da semana, contamos com uma desvalorização da moeda comum em consequência de acontecimentos de outras latitudes.

 

GBP

Os números do PIB de abril retrataram um quadro verdadeiramente desolador do estado da economia no pior momento do confinamento. A economia registou uma contração geral de 20,4% este mês, uma queda sem precedentes na história, com derrapagens na indústria transformadora e na construção superiores a 40%. Os mercados ignoraram os dados algo desatualizados, centrando-se nos sinais mais recentes de esperança na economia, e a Libra esterlina resistiu bastante bem numa semana de desvalorização dos ativos de risco. Esta será uma semana agitada para a Libra, pontuada por uma reunião de alto nível sobre o Brexit entre Johnson e a UE, seguida da reunião do Banco de Inglaterra na quinta-feira. Não se esperam da parte deste grandes medidas, mas qualquer declaração conservadora que sugira taxas de juro negativas poderia pesar sobre a Libra.

 

USD

As mensagens da Reserva Federal na reunião de junho, na semana passada, foram decididamente conservadoras, procurando tranquilizar os mercados com a garantia de que as taxas não irão subir nos próximos anos e de que a Reserva Federal está empenhada numa política de extrema flexibilização monetária. Esta mensagem, juntamente com sinais preocupantes de um aumento do ritmo de infeção em certos estados dos EUA, significou que o Dólar não beneficiou tanto do seu estatuto de porto seguro quando o mercado de ações começou a desvalorizar na quarta-feira à noite. Esta semana, os dados relativos às vendas a retalho e à produção industrial para maio deverão dar uma imagem mais clara da dimensão da recuperação em maio. Como sempre, os dados mais importantes nesta crise serão conhecidos na quinta-feira, quando forem publicados os números do desemprego da semana e os pedidos de subsídio.