Os mercados financeiros europeus abriram esta manhã ainda sem saber quem ganhou a corrida à Casa Branca nas eleições presidenciais dos EUA deste ano, após uma noite tensa de contagem de votos.

Os mercados entraram num estado de déjà vu durante a noite, já que os primeiros resultados mostraram uma disputa muito mais acentuada do que as sondagens sugeriam - como foi o caso na eleição de 2016. O dólar valorizou durante a noite com a perspectiva de uma disputa forte após o presidente Trump ter vencido em bastantes Estados decisivos. O estado da Flórida foi mais uma vez para os republicanos por volta das 12h30 horário do leste (05h30 GMT), com Trump a conquistar uma grande vitória no Texas pouco depois. Com a maioria dos votos contados, Ohio parece estar inclinado para Trump, embora Biden pareça estar a caminho de vencer no Arizona.

Até agora, os resultados em 40 dos 50 estados foram anunciados, com Biden à frente, 220 votos do colégio eleitoral contra 213 (ambos ainda bem tímidos em relação aos 270 necessários para a vitória). Dos dez que restam, pelo menos 70% dos votos foram apurados em oito deles. O estado republicano do Alasca é um deles, com Trump também à frente em cinco dos outros oito estados. Se esse for o caso, com todas os boletins contados, ele terá votos eleitorais suficientes para ganhar um segundo mandato. As casas de apostas, que apresentavam cerca de 65% de hipóteses de uma vitória Biden com o fecho das sondagens, agora têm Trump como favorito com uma percentagem semelhante.

Imagem 1: Mapa de resultados das eleições nos EUA (às 10:00AM GMT a 04/11)

A incerteza surge, no entanto, com milhões de boletins de voto enviados pelo correio que ainda não foram contados nesses estados cruciais. Este é o caso do Michigan e Wisconsin (ambos têm Trump à frente), onde a votação pelo correio favorece fortemente os democratas. Se Biden conquistar Michigan (16 votos) e Wisconsin (10), provavelmente terá o suficiente para ganhar o número necessário de cadeiras. Uma vitória de Trump em qualquer um desses estados, combinada com uma vitória na Pensilvânia, Carolina do Norte e Geórgia (onde está atualmente à frente), provavelmente seria o suficiente para um triunfo republicano.

Mesmo assim, o mercado estava posicionado para uma vitória confortável de Biden e a grande incerteza em relação ao resultado de seria adiado e / ou contestado, passou. O resultado na Pensilvânia e no Michigan pode não estar disponível até sexta-feira, pelo que pode levar alguns dias antes que o resultado final seja conhecido. Trump já declarou a sua opinião de que houve fraude eleitoral, portanto, uma vitória de Biden seria, sem dúvida, contestada pelo presidente, o que arrastaria o processo ainda mais para o futuro e pesaria no sentimento de risco.

Imagem 2: EUR/USD (03/11/20 – 04/11/20)

Até agora, o mercado de câmbio reagiu de forma relativamente calma, o que é um tanto surpreendente, visto que o mercado se posicionou para uma vitória confortável de Biden. O dólar caiu quando as sondagens começaram a fechar em antecipação à vitória de Biden e depois recuperou conforme a noite avançou, embora o EUR / USD esteja agora a ser negociado como estava na terça-feira.

É improvável que esta volatilidade limitada se mantenha. Pensamos que quanto mais o processo se arrastar, mais apoio veremos para os portos-seguros (incluindo o dólar) à custa de quase todas as outras moedas. De qualquer forma, esperamos alguns movimentos bastante acentuados nos mercados financeiros nas próximas 48 horas ou mais, à medida que mais votos são contados e os investidores obtêm uma imagem mais clara de quem realmente ganhou.