Dólar valoriza em mercado inquieto com as eleições nos EUA e segunda vaga da COVID
Com os ativos de risco em queda livre na semana passada, os investidores acorreram aos portos seguros, assustados pelos números agravados da pandemia, os novos confinamentos na Zona Euro e os receios de volatilidade nas eleições dos EUA.
Análise do Mercado de Câmbios
Com os ativos de risco em queda livre na semana passada, os investidores acorreram aos portos seguros, assustados pelos números agravados da pandemia, os novos confinamentos na Zona Euro e os receios de volatilidade nas eleições dos EUA.Os mercados acionistas caíram em todo o mundo, não obstante o comportamento misto da dívida soberana: a dívida pública alemã valorizou, mas surpreendentemente os títulos do Tesouro norte-americano caíram durante a passada semana. O Dólar americano valorizou face às outras moedas do G10, com exceção do Yen, em consonância com o comportamento típico dos mercados durante as vagas de aversão ao risco.Naturalmente as eleições americanas de terça-feira constituem o principal acontecimento de risco esta semana. Reiteramos a nossa expetativa de uma vitória de Biden e 50% de probabilidade de vermos uma onda azul com os Democratas a ocuparam também a maioria dos assentos no Senado, o que seria negativo para o Dólar, mas impulsionaria os ativos de risco, em especial as obrigações. As reuniões de novembro da Reserva Federal e do Banco de Inglaterra estarão também debaixo de olho numa semana invulgarmente repleta de notícias.
EUROs números do PIB na Zona Euro no 3º trimestre foram significativamente mais fortes do que o previsto. No entanto, em geral os mercados ignoraram esta surpresa positiva, e centraram-se antes na deterioração das perspetivas provocadas pelo agravamento dos números da COVID e a retoma dos confinamentos em grande parte dos países europeus. A posição claramente cautelosa do BCE na reunião de novembro contribuiu pouco para alterar a tendência negativa. Não restam dúvidas de que em dezembro haverá uma maior flexibilização da política monetária, de acordo com as nossas previsões. O inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito do BCE trouxe apenas mais receios, revelando que os bancos continuam a restringir o crédito às famílias e às empresas. A vitória de Biden pode trazer maior alívio ao Euro, mas acreditamos que os intervalos recentes da taxa de câmbio EUR-USD se mantenham até surgirem sinais claros de que a segunda vaga da pandemia está a afetar a Zona Euro. GBPApesar de a Libra ter conseguido ganhos modestos face ao Euro na semana passada, estes ganhos foram revertidos nos mercados monetários asiáticos nas primeiras horas de segunda-feira, com os investidores a reagir ao volte-face de Boris Johnson em matéria da COVID. O primeiro-ministro anunciou no fim de semana um segundo confinamento, que não deverá ser tão duro como o anterior. A reunião de novembro do Banco de Inglaterra adivinha-se mais um evento-chave. É de esperar um reforço do programa de estímulos monetários em 100 mil milhões de Libras, como uma forma de reação dos políticos a dados económicos mais fracos e um novo confinamento. O efeito negativo desta política de estímulo sobre a Libra deverá ser compensado em parte pela vitória de Biden nos EUA, embora no curto prazo a Libra possa sofrer face ao Euro. USDOs dados económicos nos EUA também deram sinais de fortalecimento. O crescimento do PIB do terceiro trimestre até poderia ser descartado como um indicador demasiado atrasado, mas as vendas a retalho, as despesas pessoais e os pedidos de subsídio de desemprego tiveram todos um desempenho melhor do que os mercados previam. No entanto, face à iminência das eleições do EUA e da reunião da Reserva Federal logo a seguir, os dados económicos retrospetivos receberam menos atenção do que é habitual. A reunião de novembro da Reserva Federal não deverá passar de uma nota de rodapé na novela eleitoral, sem alterações às definições da política do Comité FOMC e em grande medida ao guião da reunião anterior.
