Temos vindo a avisar que os planos do BCE de esperar até 2023 para subir as taxas são irrealistas num mundo de crescente pressão inflacionária e a nossa antevisão foi plenamente reforçada na semana passada.
A
subida impressionante da inflação na Zona Euro em janeiro serviu de palco para a reviravolta da posição de Christine Lagarde. Depois da notícia,
a moeda única disparou, como aliás era de esperar. Uma modesta recuperação do Dólar no dia seguinte apagou algumas das perdas sofridas pelo Dólar graças a dados fortes do relatório sobre o emprego nos EUA, mas o
Dólar ainda terminou a semana na cauda das moedas do G10. O Euro valorizou significativamente face às principais moedas, com a exceção da Coroa sueca.
Os operadores irão dividir as atenções entre os anúncios dos bancos centrais e os dados da inflação, fatores estes que irão dominar os mercados monetários num futuro previsível. Esta semana as atenções estão todas centradas no
relatório sobre a inflação americana de janeiro, que na quinta-feira anunciará mais uma subida para níveis históricos das últimas décadas, que aliás já se adivinhava. As atenções estarão também viradas para os discursos dos membros do BCE, que poderão alimentar ainda mais a subida do Euro com a confirmação da viragem conservadora da semana passada.

EUR
Esta semana foi uma das mais memoráveis para a Zona Euro em muitos meses. Começou com uma subida significativa da inflação e terminou com uma mudança de 180 graus da Presidente Lagarde relativamente ao tema na reunião de fevereiro do BCE. Não só deverá o assunto da aquisição de ativos ficar arrumado mais cedo do que se previa, como Lagarde também pôs completamente de parte a sua promessa de esperar até 2023 para subir as taxas.
O Conselho confessa-se agora "
unanimemente" preocupado com a inflação e antecipa "
riscos de subida". Embora
as taxas do Euro tenham sofrido uma subida acentuada em resposta, pensamos que ainda há espaço de manobra, mas não temos a certeza de que
o BCE consiga esperar até setembro. Pensamos que o Euro se manterá bem apoiado à medida que os mercados continuam a ajustar-se à viragem na política do BCE.
USD
Ao contrário do que é habitual numa semana de relatório sobre o emprego americano, o Dólar orientou-se pelos acontecimentos do outro lado do Atlântico. No entanto, o próprio relatório apontou para um comportamento forte do emprego norte-americano, apesar das distorções provocadas pela variante Ómicron, com forte criação de emprego, revisões em alta dos dados dos meses anteriores e subida dos salários, embora não suficiente para acompanhar o aumento dos preços para já.
É evidente que
os EUA tendem para o pleno emprego e
as subidas da Reserva Federal são a única ferramenta disponível para tentar reduzir a tensão sobre os preços. No entanto, vale a pena realçar que a política monetária atua com um desfasamento “longo e variável” e por essa razão acreditamos que as taxas têm um longo caminho a percorrer até começarmos a sentir o seu efeito sobre os preços.
GBP
O Banco de Inglaterra também surpreendeu os mercados, antes de ser ofuscado logo a seguir com a surpresa do BCE. Tal como esperado,
deu-se uma subida de 25 pontos base, embora uma minoria forte tenha quase conseguido impor uma subida das taxas em 50 pb pela primeira vez desde 2004, mas perdeu a votação por apenas 5-4. A Libra subiu face ao Dólar americano, embora tivesse tido dificuldade em aguentar-se face à mudança do BCE e à valorização acentuada do Euro.
Esta semana as atenções continuarão viradas para a
política do banco central, com especial destaque para os discursos do Economista chefe Pill (na quarta-feira) e do Governador Bailey (na quinta-feira). Em termos gerais, as perspetivas de subidas agressivas e de fraca valorização são um bom sinal para a Libra em 2022.
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