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Joana Saomiguel
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Coroa norueguesa sobe com o banco central Norges a iniciar um ciclo de estímulos pós-COVID

Há já algum tempo que reforçamos a ideia de que os mercados monetários dependerão agora essencialmente, se não exclusivamente, do ritmo relativo do aperto das políticas do banco central e, em segundo lugar, dos dados da inflação.
Análise do Mercado de Câmbios
Há já algum tempo que reforçamos a ideia de que os mercados monetários dependerão agora essencialmente, se não exclusivamente, do ritmo relativo do aperto das políticas do banco central e, em segundo lugar, dos dados da inflação.

Em linha com esta narrativa, a Coroa norueguesa registou o melhor desempenho da semana graças ao primeiro ciclo de subidas do G10 pelo banco central norueguês, o Norges Bank. A esta narrativa acrescentamos que as expetativas do mercado em relação às medidas e ao discurso dos bancos centrais parecem ser bastante cautelosas. A Reserva Federal parece não ter feito mais do que validar a maioria das expetativas com a sugestão de que o “tapering” começará em novembro e, no entanto, a reação do mercado com a subida das rentabilidades indica que esta foi uma surpresa para a maioria.

A queda das taxas americanas à medida que os mercados se preparavam para a retirada dos estímulos monetários teve um impacto nas principais moedas dos mercados emergentes, que na sua maioria acabaram a semana em baixa em relação ao Dólar, à exceção do Rublo russo, que foi impulsionado pelo aumento dos preços da energia, especialmente na Europa. Entretanto, as consequências da crise de Evegrande na China continuam limitadas.

Com as principais reuniões de setembro dos bancos centrais já terminadas, o foco deve agora deslocar-se para os dados macroeconómicos, em particular a inflação. As estimativas provisórias de setembro sobre a inflação na Zona Euro serão conhecidas esta semana e os mercados esperam outro salto, tanto na inflação geral como na subjacente, de modo que a inflação da Zona Euro fique mais alinhada com os EUA e o Reino Unido.

 

GBP

A Libra esterlina está dividida entre a inequívoca reunião do Banco de Inglaterra e o fluxo de novas restrições de abastecimento, o aumento dos preços da energia e consequente escassez de certos produtos. Em última análise, pensamos que o primeiro terá um impacto mais duradouro, especialmente porque há uma forte probabilidade de que as taxas do Reino Unido subam mais do que todos os outros grandes países do G10, possivelmente ainda antes do final deste ano. Consideramos a recente debilidade da Libra esterlina como uma oportunidade de aquisição, uma vez que o aperto da política monetária continua a ser o principal fator de apreciação no G10.

 

EUR

Tal como nos EUA, os dados macroeconómicos da Zona Euro começam a adquirir tons de estagflação. Os índices de atividade empresarial PMI de setembro retraíram, embora a partir de níveis muito elevados, em virtude das várias disrupções na cadeia de abastecimento, restrições à produção e aumentos do preços. Esperamos que os números provisórios da inflação desta semana venham confirmar precisamente isto. Os analistas têm estado ocupados a rever as suas previsões em alta, tanto para a inflação geral como a subjacente, mas ainda há margem para alguma surpresa. A acontecer, isso porá em causa se o BCE pode dar-se ao luxo de ficar para trás de outros bancos centrais na retirada dos apoios monetários e será um dado otimista para a moeda comum.

 

USD

A reunião de setembro da Reserva Federal pareceu surpreender os mercados, que esperavam uma mensagem mais discreta, mesmo se a ideia de que a diminuição dos estímulos ia começar na próxima reunião já fosse largamente antecipada. Os mercados também podem ter-se assustado com o “dot plot”, com a maioria dos participantes a esperar agora uma subida em 2022 em vez de 2023. De qualquer modo, as rendibilidades das obrigações nos EUA subiram e o Dólar foi atrás dessa onda, embora talvez não tanto quanto seria de esperar dada a dimensão da viragem nas obrigações.

 

Esta semana, pensamos que serão de ignorar quaisquer movimentos resultantes do combate ao limite máximo da dívida, que consideramos como puro teatro político. Estaremos muito atentos à publicação dos números do deflator PCE, que têm sido tradicionalmente a medida preferida do Fed para a inflação.