Contributor
Jesus Elvira
Subscribe to newsletter
Subscribe
Share

Ativos de risco continuam em alta apesar da guerra e de Fed aguerrido

Os mercados bolsistas e os ativos de risco em geral registaram movimentos impressionantes na semana passada, descontando o impacto da invasão russa da Ucrânia e olhando para a posição do Fed como um caso de "comprar o rumor, vender as notícias".
Análise do Mercado de Câmbios
Os mercados bolsistas e os ativos de risco em geral registaram movimentos impressionantes na semana passada, descontando o impacto da invasão russa da Ucrânia e olhando para a posição do Fed como um caso de "comprar o rumor, vender as notícias".

Como exemplo do otimismo que prevalece nos mercados financeiros, os índices bolsistas europeus fecharam a semana essencialmente no nível em que se encontravam no dia da invasão. Nos mercados cambiais, a Coroa sueca foi a que teve o melhor desempenho da semana e o Iene japonês, porto seguro habitual, encontra-se no fundo do ranking do G10.

Os mercados emergentes continuam a registar ganhos, com as moedas latino-americanas a beneficiarem particularmente das suas economias exportadoras de mercadorias e da distância da guerra. É de referir que a nossa favorita, o Real brasileiro, tem liderado as tabelas de desempenho entre todas as principais moedas até à data em 2022, subindo bem mais de 10% em relação ao Dólar.

Esta semana, as atenções estarão na publicação dos índices PMI de atividade empresarial da Zona Euro e do Reino Unido na quinta-feira (agora chamados S&P). São os primeiros a refletir o impacto da invasão da Ucrânia, pelo que a incerteza é invulgarmente elevada, mas o consenso do mercado prevê um retrocesso para níveis ainda altamente expansionistas. Para além disso, nada menos que seis funcionários da Reserva Federal estão inscritos para falar esta semana. Esperamos que lancem alguma luz sobre o calendário e a extensão das subidas naquele que parece ser um ciclo de aperto muito frontal dos EUA, embora até à data o Dólar tenha manifestamente sido incapaz de beneficiar com as comunicações da Reserva Federal da semana passada. Finalmente, o relatório sobre a inflação de fevereiro do Reino Unido, divulgado na quarta-feira, deverá ver mais um salto para um novo recorde de várias décadas.

EUR

Esta foi uma semana calma na Zona Euro, com apenas um relatório já algo desfasado sobre a produção industrial de janeiro, e uma quebra generalizada, embora esperada, das expetativas dos investidores quanto ao crescimento futuro após o choque da invasão russa. Este último índice não tem sido particularmente útil na previsão do crescimento ultimamente, mas é digno de nota.

A moeda comum teve uma semana volátil, mas conseguiu recuperar e acabar solidamente acima de 1,10 em relação ao Dólar americano. Aguardamos o discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde, e do economista-chefe Philip Lane esta semana, mas o principal evento será a divulgação dos números provisórios do PMI para março, um primeiro olhar sobre o impacto estagflacionário da guerra sobre a economia europeia.

USD

A Reserva Federal validou expetativas de subida em todas as reuniões de 2022. As suas previsões a longo prazo eram mais cautelosas, mas dado o seu historial de projeções, não nos fiaríamos demasiado.

A incapacidade do Dólar em recuperar após a reunião deve-se a dois fatores. Primeiro, o aumento geral do apetite pelo risco, que prejudicou o Dólar, uma vez que tem funcionado como um porto seguro desde o início da invasão da Ucrânia. Em segundo lugar, a sensação por parte dos mercados de que, aos níveis atuais, muito já está no preço, e subir pode ser difícil a partir daqui. Esta semana devemos conseguir perceber qual destes fatores domina.

GBP

O Banco de Inglaterra fintou mais uma vez os mercados na sua reunião de março na passada quinta-feira. Apesar de ter subido as taxas como esperado, houve alguma discórdia e a declaração foi revista numa direção decididamente mais cautelosa. Não vale a pena levar muito a sério esta mudança, pois as comunicações do CPM têm sido bastante erráticas durante este ciclo de aperto, mas é o suficiente para revermos em baixa o nosso otimismo em relação à Libra esterlina.

Esperamos mais um relatório de inflação forte do Reino Unido na quarta-feira, com novos recordes de 30 anos tanto na inflação subjacente como na geral, o que deverá confundir ainda mais os investidores em relação à viragem aparentemente cautelosa do Banco de Inglaterra na semana passada.

 

🔊 Quer estar por dentro de todas as novidades do mercado cambial? Não perca o FXTalk!.

 

Quer saber mais sobre o mercado de câmbios e como os nossos peritos o podem ajudar?. Contacte-nos.